quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A sociedade promove o Bullying.

Desde cedo os pais procuram educar as crianças (filhos) pensando em colocá-los no caminho certo. Os filhos vão crescendo e passam a ter contatos sociais: na escola, na rua, com os amigos, vendo televisão e agora na Internet. As crianças aprendem em todo lugar. Aprendem coisas boas e desinteressantes e coisas ruins e mais desejosas. Não são todos que estão aprendendo nessa ordem, mas uma grande maioria sim, o suficiente a por em risco o processo de educação e socialização dos indivíduos.


  Nessa perspectiva, os pais procuram criar e educar. Quando ainda não há o contato com o mundo externo  da sociabilidade, a educação fica, dentro de casa, mais controlada. Mas ninguém consegue viver no isolamento do lar apenas com a família. O seu humano tem a necessidade de se relacionar. Isso acontece quando o ambiente familiar não é mais a única instituição responsável pela educação das crianças.


  Nesse sentido, as informações e a educação que as crianças recebem do mundo exterior passam a confrontar com a educação recebida em casa. Surgem conflitos entre pais e filhos e sobre os conceitos de certo e errado; do que pode e deve e o que não pode e se deve falar e fazer. Mas em algum lugar, esse conflito já existe de forma mais precoce quando a educação familiar falha nos primeiros anos de vida do filho, com a falta de educação mesmo, dos próprios pais; e o ambiente familiar, infelizmente, torna-se zona de conflito, de brigas e palavrões. Alem desses fatores, acrescentem-se as condições sociais e econômicas da família. Um contexto social desestruturado no qual a criança se depara ao nascer e cresce convivendo com isso. Refiro-me a famílias de baixo poder aquisitivo e sem oportunidade de bons estudos.


   Nesse contexto, a criança é jogada na escola. Os pais entregam os alunos nessa outra instituição formadora acreditando na melhoria da educação de seu filho e outros pais entregam acreditando na recuperação moral do filho, e ainda respira aliviado, quando imagina ficar pelo menos quatro horas sem aborrecimento do próprio filho em casa. É difícil acreditar que exista relação de pais e filhos assim, mas tem, e só é assim porque os próprios pais deixaram chegar a este ponto. Mas os pais são culpados? Respondendo a essa pergunta, é preciso questionar casos da realidade atual: meninas e meninos, 12 a 14 anos, ou menos, que ainda não se educaram, estão em processo; tornam-se pais muito cedo. Surgem vários problemas, dentre eles, como vão educar os filhos se ainda não se educaram?


    E o que tudo isso tem a ver com o Bullying? Embora essa violência seja muito comentada e discutida no âmbito da escola, o Bullying acontece em todos os ambientes sociais. É comum e tornando-se normal uma pessoa agredir outra de várias maneiras na rua, nos bares, na praça, em casa, no clube, em reuniões, nos circos, nas festas, em vários lugares e, como se sabe, na escola. É o feio, o gordo, o aleijado, o preto, o branquelo, o latino, o pobre, o tímido, o burro, o nerd, o metido, o brigão, o baixinho, a magricela e até, erroneamente, o misera. Os rótulos e apelidos são apenas o início violento para uma culminância brutal.


   O Bullying não é termômetro da violência; é a própria violência em todos os seus graus, níveis, números e gêneros. O pai ou mãe que deixou se perder o limite do respeito e da educação do filho está semeando o Bullying de dentro para fora de casa; a escola que não tem regras e não trabalha o tema com seus alunos também contribui para o agravamento da violência; o poder público que não desenvolve políticas públicas voltadas para essa questão também dá a sua colaboração; a televisão é a que mais promove a violência com programas nada educativos e cenas inadequadas para as crianças. E não adianta colocar a classificação, pois todas as emissoras sabem que não há seleção de conteúdo televisivo escolhido pela família para os filhos. Todos vêem o que os canais têm a oferecer. Ainda tem os Games onde as crianças só faltam “pular da cadeira e quebrar a telinha com o controle remoto”.


   Não existe inocência na televisão. Os desenhos animados nada mais são do que propagadores de Bullying: o pica-pau não é um pássaro ingênuo, Tom & Jerry não só praticam brincadeiras agressivas, praticam Bullying o tempo todo; os enlatados japoneses estilo Power Rangers não se cansam de mostrar cenas de violência; as novelas não só mostram violência como também estimulam a falsidade e inimizade; os programas sensacionalistas disfarçados de prestadores de serviço mostram o dia-a-dia da realidade violenta e ainda fazem questão de reprisar insistentemente. Não podemos esquecer os filmes, do street fighters, dos socos e pontapés, do sangue e das mortes. Tudo isso influencia a cabeça das crianças e suscita a imitação da violência com os colegas.


   O fato é que em vários lugares o Bullying é promovido consciente e, às vezes, inconscientemente, movido pelo hábito. Vivemos numa sociedade de Bullying. Aprende-se a praticar Bullying em todo lugar e desde cedo. O Bullying é uma questão de educação e de nada adianta jogar a responsabilidade toda para a escola. É preciso fazer um pacto educacional anti-bullying envolvendo o governo com seus ministérios educacionais e sociais: MEC, MDS, Sociedade Civil Organizada, Conselhos, Escolas, Mídia, empresas, ONGs, Associações e comunidades de bairro num projeto multidisciplinar voltado para a educação, cujos mecanismos sejam direcionados não só a formação sistêmica dos alunos, mas também valorativa com os princípios da moral e do respeito mútuo.

2 comentários:

  1. Acho mesmo que o “bullying” teve início quando Caim matou Abel. É, de fato, um problema bem antigo. E não há solução milagrosa para resolver isso. Aliás, o problema, além de antigo, abrange todos os âmbitos sociais, porém nunca foi tratado com a devida atenção. Nos dias de hoje, o ser humano (não vamos generalizar) carrega em sua estrutura interior a ideia “invertida” de que o “crime compensa”. Os que assim pensam, infelizmente, acham que tirar vantagem em tudo é o melhor caminho; que ser “esperto” é o melhor, que roubar é mais fácil, que agredir é bom. Considerando o ambiente doméstico e escolar, a situação do “bullying” é bastante grave. E, apesar de tão antigo, mesmo que antes, não se usasse essa expressão, o “bullying” merece mais atenção, e precisa ser combatido. No lar, na escola, em qualquer lugar. Devemos amar o próximo como a nós mesmos, e não odiar aos outros, como a nós mesmos. Parabéns para o blog The Society, por tratar do problema, com a devida preocupação.

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  2. Nossa Sr Vicente, você entendeu bem o que agente tá tentando fazer, essas suas informações são bem validas, o ser humano(alguns) realmente anda bem mesquinho, egoísta, só pensa no seu bem próprio e querendo está acima dos outros, não entendendo que somos todos iguais, e que todos tem os mesmo direitos,e que ninguem tem o direito de agredir, humilhar o outro.

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